O processo de industrialização do Brás

O processo de industrialização do Brás

Na virada do século XIX para o século XX, a cidade de São Paulo vivenciou uma industrialização muito intensa e acelerada. Esse processo se deu em função do capital acumulado com a produção de café no interior do estado de São Paulo.

Os fazendeiros inicialmente investiram seu capital acumulado em infraestrutura para a própria cultura cafeeira, como nas companhias de estradas de ferro. Depois, passaram a investir em atividades mais urbanas, como a construção de armazéns, entrepostos, casas comerciais e, posteriormente, de indústrias. As fábricas deste início da industrialização de São Paulo se localizaram no entorno das ferrovias, onde passaram a formar bairros industriais e operários como Água Branca, Barra Funda, Belém, Mooca e, claro, o Brás.

Nessas vizinhanças, havia um grande contingente de imigrantes (sobretudo italianos) que vieram inicialmente para trabalhar na lavoura de café, substituindo o trabalho escravo, abolido em 1888, mas que acabaram se fixando na capital da então província. Foram essas pessoas que constituíram a massa dos trabalhadores da indústria nascente.

Aos poucos, os recém-chegados imigrantes começaram a se instalar diretamente na capital, num momento em que a indústria já se consolidava e necessitava de mais operários. Para eles, as condições de trabalho no interior eram muito mais pesadas do que na cidade.

Nem todos os imigrantes que se estabeleciam no Brás eram operários – vários deles mostraram seu espírito empreendedor e inauguraram empresas.

De certa forma, ser operário conferia a essas pessoas status superior ao de lavrador. Mas nem todos os estrangeiros se contentavam em ser “apenas” operários. Vários deles se aventuraram como empreendedores. O caso mais célebre é o do italiano Francisco Matarazzo. Enquanto a grande maioria dos industriais preferia viver em Higienópolis ou na Paulista, Matarazzo morou por um bom tempo no Brás, na Rua do Gasômetro, perto das primeiras fábricas de seu império, que foram instaladas na Rua Monsenhor Andrade.

Outras centenas de indústrias brotaram no Brás, como a Companhia Nacional de Tecidos de Juta, a Ferla (de aveia em flocos) e a Companhia Mecânica Siciliano. Tomado por chaminés e apitos, o Brás aos poucos foi se consolidando como bairro operário e industrial.  Para coroar o progresso econômico e tecnológico de São Paulo, o governo decidiu erguer no Jardim Público, em meio à recém-aterrada Várzea do Carmo, o imponente Palácio das Indústrias, projetado pelo arquiteto Domiziano Rossi e idealizado para abrigar exposições.

Em 1917 o local recebeu seu primeiro evento, uma feira de panelas. Até 1947 seguiu com essa função, tendo sido cenário de incontáveis festas agrícolas e pecuárias, mostras de arte, salões automobilísticos e exibições industriais.

Em 1947 passou a funcionar no local a Assembleia Legislativa de São Paulo, que de lá se mudou na década de 70. Em seguida, o prédio abrigou um batalhão da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e, de 1992 a 2004, tornou-se a sede da Prefeitura. Desde 2009 é ocupado pelo Museu Catavento Cultural de Ciência e Tecnologia, que a cada semana recebe milhares de visitantes.

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