Como vimos, no final do século XIX a cidade de São Paulo crescia com velocidade muito grande, e isso acabou atraindo gente do mundo todo, que ouvia toda sorte de histórias sobre fortunas que se formavam da noite para o dia. Com isso, o fluxo de imigrantes aumentou assombrosamente.

Até a década de 1870, eles ficavam provisoriamente hospedados em casas alugadas pelo governo próximas à estação da Luz, e depois em um alojamento no bairro do Pari. Mas esses lugares eram pequenos e não estavam mais dando conta, tornaram-se inadequados para receber grupos cada vez maiores de pessoas que desembarcavam na cidade.

Uma primeira hospedaria foi então criada no Bom Retiro, em um prédio adquirido e reformado, com capacidade para acolher até quinhentas pessoas. Ela funcionou de 1882 a 1887 e abrigou cerca de 31.275 imigrantes. Mas ainda assim era insuficiente.

O governo estimulava o movimento, esforçando-se para trazer mão de obra para as lavouras no interior e para a indústria que florescia na capital. Em 1886 iniciou-se a construção de uma nova hospedaria, num grande terreno entre os bairros do Brás e da Mooca, ao lado dos trilhos das estradas de ferro que ligavam São Paulo ao porto de Santos, ao interior do estado e à capital federal, no Rio de Janeiro.

Projetada para receber 3 mil imigrantes, em épocas de constantes e intensos fluxos migratórios chegou a comportar 10 mil pessoas simultaneamente. Os primeiros imigrantes a passarem pela hospedaria a viram ainda em construção, no final de 1887 (tiveram que ser transferidos devido a uma epidemia de varíola no prédio do Bom Retiro).

No início de 1888, foi final- mente concluída e oficialmente inaugurada. De 1887 a 1920, a Hospedaria dos Imigrantes foi responsável por abrigar e oferecer algum conforto a mais de 2,5 milhões de pessoas nascidas em outros países, de cerca de 70 nacionalidades diferentes, que para cá vieram em busca do sonho de uma vida melhor.

Todas as chegadas foram devidamente registradas em livros e listagens. Ao longo dos seus 91 anos de atividades, a Hospedaria acolheu e encaminhou os imigrantes a novos empregos. Para isso, o prédio tinha não apenas dormitórios e sanitários, como também uma agência oficial de colonização e trabalho, uma central de serviços médicos e odontológicos com farmácia e laboratório de análises, serviços de correio e telégrafo, posto policial, lavanderia, cozinha e refeitório.

Depois de recepcionar cerca de 800 mil italianos, 250 mil espanhóis e mais uns 200 mil portugueses, a partir da década de 1930 a Hospedaria passou a acolher também migrantes de outros estados brasileiros. Na década de 1970, perdeu a função original e, em 1978, recebeu pela última vez um grupo de imigrantes coreanos, pouco antes de fechar as portas.