Black Jeans: sangue azul nas veias de tanto lidar com jeans

Black Jeans: sangue azul nas veias de tanto lidar com jeans

O criador da marca chegou do em São Paulo, vindo do Líbano, com pouco mais de 20 anos. Ficou impressionado com a força e com o movimento do maior centro de comércio popular do país. Imediatamente incorporou-se àquela agitação toda, vendendo jeans em um box na Rua da Juta.

Muitas das peças que vendia eram desenhadas e cortadas por ele mesmo. Em pouco tempo, mudou-se para um sobrado na Rua Barão de Ladário, onde montou uma pequena confecção e também sua primeira loja. Suas calças faziam muito sucesso e vendiam como pão quente. Além de atender em seu próprio estabelecimento lojistas do Brasil todo, também ia frequentemente ao Rio de Janeiro, onde comercializava pessoalmente suas criações para comerciantes da Rua da Alfândega.

A partir de 1995, seus produtos passaram a receber etiquetas com a inscrição Black Jeans. “Eu queria usar Blue Jeans, mas esse nome já estava registrado. Acabei mudando para Black Jeans e hoje acho essa marca muito mais bacana, mais forte, mais sonora e mais original”, recorda.

O tempo foi passando, e a Black Jeans se tornou uma das principais do segmento no Brás. E, além de aprender “na raça” a administrar uma empresa cada vez maior, seu criador também teve de se adaptar às constantes mudanças do mercado. “Até alguns anos, as grandes marcas definiam quais seriam as tendências e o que as pessoas iriam consumir naquela temporada.

Hoje a concorrência é muito diversificada e feroz. Quem decide o que vai comprar e usar é o próprio comprador – e não existe um só perfil de consumidor. Cada um tem a sua individualidade, uma necessidade peculiar, um desejo, uma preferência pessoal.

Se antes nós tínhamos aqui na loja apenas alguns poucos modelos de calças unissex, hoje é preciso ter sempre em estoque dezenas ou até mesmo centenas de peças diferentes, desenhadas especificamente para homens, para mulheres, para magros, para pessoas plus size, para quem prefere itens mais básicos e para quem só se interessa por peças com uma pegada altamente fashion”, analisa.

Para satisfazer sua clientela, sempre ávida por novidades, a Black Jeans não trabalha com apenas duas coleções por ano, como fazem as marcas que desfilam seus lançamentos em eventos como a São Paulo Fashion Week. A equipe de criação da Black Jeans, composta por cerca de 15 profissionais, lança semanalmente de 30 a 40 novas peças, com cortes diferenciados, lavagens inovadoras, acabamentos originais e detalhes únicos.

E não adianta recorrer a produtos importados, porque a qualidade e os preços dos produtos nacionais são imbatíveis e, mais do que isso, o corpo dos brasileiros e das brasileiras exigem modelagens muito particulares. “Por essas e por outras, nossa rotina no universo da confecção é um desafio constante e sem fim. Não paramos nunca de desenvolver novos modelos e renovar o nosso próprio negócio. Estamos permanentemente ligados para antecipar a produção daqueles itens que os nossos consumidores estão buscando”, afirma.

Hoje a Black Jeans é uma das principais marcas presentes na Rua Xavantes, via que a cada dia se consolida como a mais importante quando o assunto é jeans – principalmente para quem busca compras grandes, no atacado.

Todo dia, desde o início da manhã e até o fim da tarde, o espaçoso showroom da grife recebe compradores dos quatro cantos do Brasil, que sempre voltam para suas cidades com algumas centenas ou alguns milhares de peças.

Ultimamente muitas vendas vêm sendo realizadas também pelo WhatsApp ou pelo Instagram, mas o grosso dos negócios ainda é fechado presencialmente, pois, nas compras de roupas, o toque no tecido, a checagem minuciosa das costuras e a prova do caimento ainda são muito importantes.

“O comércio – especialmente no setor da moda – é bem assim, movido a intuição, a um feeling difícil de descrever. Por isso, é necessário que eu seja também muito político e sempre dedique muita atenção a quem vem de longe comprar aqui. É um trabalho exaustivo, com certeza, mas também muito estimulante. Para mim, tudo fica mais fácil porque adoro o que faço, tenho prazer em trabalhar. Meus amigos dizem que eu tenho sangue azul, que a tintura indigo blue do jeans corre em minhas veias. Às vezes acho que é verdade, pois realmente me envolvo em tudo e me dedico integralmente ao meu ofício”, confessa o empresário.

Mesmo com essa dedicação total, admite que jamais teria chegado aonde chegou se não fosse a parceria e a sinergia que criou com seus colaboradores e clientes. “Sou muito agradecido a todos. Sem eles, a Black Jeans não teria se tornado o sucesso que é hoje”, finaliza.

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