As chácaras do Brás

As chácaras do Brás

À medida que os bairros mais a leste iam se desenvolvendo – como Tatuapé, São Miguel e Penha -, o Brás ia também crescendo. Em 1836 um recenseamento apontava que a população do bairro era de 659 habitantes, e em 1865 um levantamento totalizava 164 casas naquela vizinhança.

Algumas chácaras produziam vinhos, licores e cervejas, além de estribos, selaria e caçambas. Os terrenos ainda eram grandes, e a ocupação era baixa. Durante a época das chuvas, muitas ruas ainda seguiam sendo invadidas pelas águas do Tamanduateí. Mas ainda assim o bairro tinha certo gla- mour.

Em 1864 a Imperatriz Teresa Cristina – mulher de Dom Pedro II – hospedou-se em um sobrado localizado no Largo do Brás, e, por conta dessa ilustre visita, foram instalados os primeiros lampiões de óleo para iluminar a Freguesia do Brás.

Um dos moradores mais ilustres da região nessa época era o engenheiro prussiano Karl Abraham Breβer, que desembarcou no Porto de Santos no ano de 1838 e logo se instalou em uma chácara no Brás, comprada de frades franciscanos.

Nascido na cidade de Krefeld (hoje parte da Alemanha), ele veio para cá a convite de um marechal do Exército brasileiro para mapear a cidade e coordenar muitas construções que melhoraram a infraestrutura de São Paulo. Aqui no Brasil, passou a adotar o nome de Carlos Abrão Bresser.

Entre as principais obras que projetou e executou estão a canalização e alinhamento do rio Tamanduateí (que possibilitou a abertura de ruas como a 25 de Março), a construção da Ponte do Carmo (a primeira feita com pedras e tijolos sobre o rio Tamanduateí), a instalação do Matadouro Municipal (erguido em 1849 na Liberdade), a retificação do curso do rio Tietê e a reconstrução da Estrada de
Lorena – a primeira rodovia conectando o Porto de Santos à capital.

Nas proximidades da Chácara Bresser, Carlos Abrão construiu cerca de 200 casas e galpões para explorar aluguéis. Assim, pelo desmembramento de suas posses, os bairros do Brás e da Mooca começaram a se urbanizar. Carlos Abrão Bresser faleceu no dia 27 de março de 1856, aos 52 anos, e teve todas as despesas de seu funeral custeadas pelo imperador Dom Pedro II, seu amigo e admirador.

Deixou cinco filhos – Carlos Augusto, Clara Albertina, Carlos Adolfo, Carlos Alberto e Carolina Augusta – e, mais do que isso, um inestimável legado na cidade. Não é exagero dizer que sua colaboração
foi fundamental para o desenvolvimento da Zona Leste paulistana.

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